O Governo do Estado, por meio da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), WMP (World Mosquito Program) e Prefeitura Municipal de Campo Grande oficializaram na quarta-feira (3) o encerramento da implementação do Método Wolbachia em Campo Grande.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Larissa Castilho, o projeto fortaleceu a colaboração entre a comunidade científica, as autoridades de saúde e a população, demonstrando que juntas as instituições são mais fortes e mais capazes de enfrentar desafios complexos.
“Este projeto não apenas reforça o nosso compromisso com a saúde pública, mas também nos coloca próximo a pesquisa e inovação em saúde”, disse.
O líder do WMP no Brasil e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, destaca o empenho e o esforço de todos os agentes envolvidos, em especial o município de Campo Grande por ter abrigado o projeto. “Agradeço a parceria de todos os envolvidos. Hoje, finalizamos essa etapa do método que contou com o envolvimento de muitas pessoas. Isto foi um elemento de grande sucesso e resultado de muito esforço destas equipes para que pudéssemos trazer esse método para toda a população. É com muito orgulho que agradeço a todos vocês. Assim, este monitoramento do projeto continuará pelos próximos dois anos na Capital”.
A eficácia do método é comprovada. No Brasil, houve uma redução de até 70% nos casos de dengue e de 60% nos casos de Chikungunya em Niterói, que se tornou o município com menor número de casos de dengue no estado do Rio de Janeiro, registrando apenas nove casos até abril de 2023.
A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, Veruska Lahdo, explica que os resultados embora ainda de maneira parcial, demostram importantes avanços no combate às arboviroses, principalmente, contra Dengue e Chikungunya no município. “Nós tivemos seis fases realizadas em Campo Grande durante esses quatro anos de projeto. Há sinais de bons estabelecimentos do mosquito em toda as regiões da cidade contendo a presença da bactéria. Com isso, nós esperamos colher resultados positivos para a nossa Capital”, esclarece.
Para a secretaria municipal de Saúde de Campo Grande, Rosana Leite, o Método Wolbachia representa apenas uma das armas contra a Dengue, Zika e Chikungunya. “O desafio foi aceito e a participação de toda a população, das secretarias municipal e estadual, além de todos os demais apoiadores, com o engajamento foi essencial ao explicar sobre o que era esse projeto. Esta é apenas uma das ferramentas, mas nunca podemos esquecer de cuidar dos nossos domicílios e de se vacinar”.
Método Wolbachia em Campo Grande
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela se desenvolvam dentro do mosquito. Esses mosquitos se reproduzem com os mosquitos locais, gerando uma nova população com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos infectados com a bactéria aumenta, eliminando a necessidade de novas liberações.
Cerca de 500 agentes foram capacitados para dialogar com a população, esclarecer dúvidas e apresentar o funcionamento do método. Durante esta etapa, 385 mil pessoas foram diretamente alcançadas.
Para potencializar a implementação do método, Campo Grande ganhou uma biofábrica para a produção desses mosquitos, instalada na sede do Lacen/MS (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul). Os ovos do Aedes aegypti com Wolbachia eram enviados do Rio de Janeiro e acompanhados até a fase adulta na biofábrica local, onde eram liberados em ciclos de 16 semanas.
Uma das estratégias utilizadas foi o DLO (Dispositivo de Liberação de Ovos) na região das Moreninhas, conhecido como “Casa do Wolbito”. Além disso, foi desenvolvida a iniciativa “Wolbito em Casa”, que envolveu 1.695 alunos de 17 escolas municipais. Esses alunos levaram cápsulas com ovos de Wolbachia para casa e cuidaram de seu desenvolvimento.
Desde o início do planejamento em 2019 e o começo das operações em 2020, o projeto, financiado pelo Ministério da Saúde, tem alcançado resultados positivos. Dividido em seis fases, envolveu 74 bairros e sete regiões urbanas, atendendo aproximadamente 130 mil pessoas por fase. Durante todo o período, mais de 900 mil pessoas foram beneficiadas, com a produção de aproximadamente 2,7 kg de ovos, 870 mil tubos e a liberação de 102 milhões de mosquitos.
Kamilla Ratier, Comunicação SES
*Com informações da Prefeitura Municipal de Campo Grande
Fotos: Kamilla Ratier (capa)/Divulgação Sesau/Arquivo SES