Primeira turma de aplicadores do método ABA recebe certificado em MS

  • Publicado em 12 maio 2023 • por marianel@ses.ms •

  • A SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência e o Centro Médico e de Reabilitação da Apae (Associação de Pais e Amidos dos Excepcionais) de Campo Grande, certificaram nesta sexta-feira (12) pais e/ou cuidadores que concluíram o curso de aplicadores do método ABA – Análise do Comportamento Aplicada. A entrega dos certificados, foi realizada durante passeio ao Bioparque Pantanal, acompanhados pelos filhos e filhas que convivem com o TEA (Transtorno do Espectro Autista).

    Primeira turma de aplicadores do método ABA

    O passeio marcou o encerramento da primeira turma do curso de aplicador ABA para cuidadores realizado entre os dias 29 de março e 11 de maio de  2023, com carga horária de 40 horas, dividido em dois módulos: Introdução à análise do Comportamento Aplicada e Avaliação. A capacitação buscou disponibilizar e ampliar aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) o acesso a terapia ABA. E teve como objetivo ensinar aos pais ou cuidadores a realizarem atividades e registros para intensificar o tempo de estimulação oferecido à criança, ou seja, onde o desenvolvimento da criança não ficaria restrito à sessão de terapia feita no centro de reabilitação.

    Conforme a gerente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência da SES, Juliana Medeiros, o papel do Estado não é apenas de garantir o acesso a essas ações, mas de garantir a qualidade dos serviços a fim de que os autistas e seus familiares possam ter uma qualidade de vida digna.

    “A SES, por meio da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, entende a importância e apoia todas essas ações que contribuem para o tratamento das crianças com autismo, pois é fundamental a participação da família, principalmente, na aplicação do método ABA, onde se buscar trabalhar o impacto da condição autista em situações reais. Percebemos que após o curso ocorreram mudanças práticas e significativas no comportamento dessas crianças”, comentou Juliana.

    Para a psicóloga e especialista em Análise do Comportamento Aplicada, Cíntia Nishikawa, o curso superou as expectativas. “Durante o curso, as mães foram colocando em prática tudo o que era falado, traziam dúvidas, então tivemos muitas coisas positivas, tiveram crianças que já apresentaram melhora dentro do período do curso. Conversamos muito a respeito da questão das telas, do impacto que têm no desenvolvimento das crianças. Mães que tiraram as telas no início do curso, deram o feedback de que as crianças estão olhando mais, está imitando, está falando mais, brincando com outras coisas, tanto que foi possível trazermos as crianças para esse passeio ao Bioparque. As crianças ficaram bem, aproveitaram, então foi muito gratificante”, elogia Cíntia.

    Resultado
    As mães atípicas, logo nas primeiras semanas após o início do curso, puderam perceber mudanças no desenvolvimento de seus filhos. Luciane Magalhães, mãe do Tales de três anos e sete meses, contou que ele teve um desenvolvimento significativo. “Ele não falava nada até os três anos de idade e tem alguns meses que ele deslanchou e agora vamos trabalhar a parte sensorial e começarmos firme em casa a aplicação ABA. Foi excelente o desenvolvimento dele em todos os aspectos, tem um bom desenvolvimento escolar, eu estou muito feliz”, celebra.

    Para a mãe Ana Paula da Silva Castro, o curso do método ABA trouxe uma nova perspectiva. “Sem essas informações a gente tem aquele olhar da avó, daquela mãe que não tinha esse conhecimento sobre o autismo, então esse novo comportamento das mães deve acontecer para que as crianças evoluam. A minha filha Beatriz tem oito anos e vem do tratamento inicial do ABA. Hoje eu tenho uma criança com um comportamento social adequado, ainda em tratamento, mas que hoje ela consegue ir para a escola ela consegue ter um bom comportamento com os amigos, consegue ter uma socialização com pessoas através desse tratamento”, comenta Ana Paula.

    Para o presidente da Apae Campo Grande, Luiz Cesar Nocera, a capacitação rendeu bons frutos e, futuramente, pretende ampliar as opções de cursos aos pais e cuidadores. “Os profissionais têm a intenção que as terapias sejam uma evolução muito maior do que eles podem dar com o pouco tempo que eles ficam com as crianças. As próprias mães já estão dando o feedback que o resultado foi muito bom. A tendência é ampliar e melhorar, queremos dar um prosseguimento maior”, afirma Nocera.

    Acompanharam a visita ao Bioparque Pantanal a gerente da Rede da Pessoa com Deficiência da SES, Juliana Medeiros, o presidente da Apae de Campo Grande, Luiz Nocera, as supervisoras do Centro Médico e de Reabilitação da Apae, Cíntia Nishikawa e Sarita Baltuilhe, e o deputado federal, Beto Pereira.

    Conforme cronograma, até o final do ano de 2023 serão mais de 100 pais, mães e cuidadores formados como aplicadores do método ABA.

    Autismo
    O autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um distúrbio do neurodesenvolvimento e pode ser caracterizado por algum grau de alteração no desenvolvimento. Estima-se que uma em cada 160 crianças tenha o transtorno. No mundo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), acredita-se que mais de 70 milhões de pessoas convivam com o autismo. O diagnóstico e intervenção precoce podem oferecer mais qualidade de vida às pessoas com autismo.

    Os primeiros sinais podem ser notados ainda na infância e persistir na adolescência e idade adulta. Cada indivíduo dentro do espectro desenvolve um conjunto de sintomas e características bastante particulares, afetando como se relaciona, expressa e comporta. Pode apresentar dificuldade para interagir socialmente, manter o contato visual, fazer amizade, dificuldade na comunicação e alterações comportamentais como o apego à rotina, interesse em assuntos específicos, sensibilidade sensorial, manias e padrões fixos de comportamento, entre outros sintomas. Nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.

    O diagnóstico do autismo é fundamentalmente clínico, realizado por meio de observação direta do comportamento do paciente e de uma entrevista com os pais ou cuidadores. O tratamento do TEA envolve diversos profissionais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogos, entre outros.

    Símbolos do TEA

    Cor Azul
    Conforme dados de OMS (Organização Mundial da Saúde), do total de crianças diagnosticadas com TEA, a incidência de casos no sexo masculino é de 80%, por isso a cor azul.

    Quebra-cabeça
    Representa a complexidade dos transtornos que formam o espectro autista, a ideia de que pessoas autistas são difíceis de compreender.

    Fita de conscientização
    A fita do quebra-cabeça foi adotada em 1999 como o sinal universal da conscientização sobre do autismo. As peças em diferentes cores representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o TEA.

    Logotipo da neurodiversidade
    O sinal do infinito nas cores do arco-íris foi colocado como uma alternativa para o quebra-cabeça. O logotipo celebra a diversidade de expressões dentro do espectro.

    Texto e fotos: Kamilla Ratier, SES

    Categorias :

    Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência

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