Publicado em 19 nov 2025 • por Danubia Karinni Burema De Sousa •
Encontro reúne gestores, profissionais e lideranças para discutir o racismo como determinante da saúde e fortalecer práticas de cuidado equitativas no SUS
Com o objetivo de fortalecer o debate sobre equidade e garantir que o cuidado em saúde alcance todas as pessoas, a SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio da Gerência de Equidade em Saúde, com apoio da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e da Maternidade Cândido Mariano, realizou na manhã de segunda-feira (17) o I Encontro Saúde sem Racismo, no auditório da ESDP (Escola Superior da Defensoria Pública), em Campo Grande.
O evento reuniu gestores, profissionais de saúde, lideranças comunitárias e representantes de diversas instituições públicas para aprofundar a discussão sobre o racismo como determinante social da saúde. Em um espaço voltado à memória, escuta e construção coletiva, o encontro reafirmou a responsabilidade do Estado e das instituições parceiras na promoção do acesso qualificado, do respeito e da assistência humanizada às populações negras, indígenas, quilombolas, ciganas e demais comunidades tradicionais.
Desde a abertura, as atividades destacaram a urgência de enfrentar desigualdades raciais que continuam impactando indicadores de mortalidade, adoecimento e acesso aos serviços de saúde. Foi enfatizado que o racismo segue presente nas práticas, nas estruturas e nas relações, demandando ações concretas, formação permanente das equipes e integração entre setores para ampliar o alcance das políticas de equidade.
Entre os temas abordados, destacou-se a importância de reconhecer que as desigualdades raciais influenciam diretamente quem chega aos serviços de saúde, de que forma é atendido e quais oportunidades de cuidado e sobrevivência são oferecidas. Também foi ressaltada a necessidade de ampliar estratégias de letramento racial, revisar práticas institucionais e fortalecer a adoção de decisões que eliminem barreiras e assegurem dignidade no cuidado.
Representações de movimentos sociais e conselhos de saúde trouxeram um panorama sobre desafios enfrentados por comunidades quilombolas, indígenas e outros grupos historicamente marginalizados, como a ausência de unidades específicas, dificuldades territoriais, doenças prevalentes e a persistência de desigualdades estruturais. Foi reforçada a importância de ampliar equipes, investimentos e políticas voltadas à promoção da equidade no SUS (Sistema Único de Saúde).
O encontro também abordou o racismo como estrutura que influencia o acesso e o acolhimento em todos os níveis de atenção. Instituições parceiras reforçaram a necessidade de ampliar o preparo das equipes e enfrentar práticas discriminatórias, contribuindo para um ambiente de cuidado mais justo e inclusivo.
Letramento racial e valorização da história

Durante a programação, foi discutido o papel do letramento racial como instrumento essencial para qualificar o cuidado em saúde, sensibilizar equipes e ampliar a compreensão sobre desigualdades que se perpetuam historicamente. As reflexões apresentadas destacaram como o reconhecimento das raízes da discriminação racial contribui para transformar práticas, fortalecer ações antirracistas e consolidar políticas públicas mais efetivas.
As discussões também reforçaram que a abolição formal da escravidão não encerrou o ciclo de exclusão, pois as estruturas de desigualdade se mantiveram de formas renovadas ao longo do tempo. Nesse contexto, o letramento racial surge como ferramenta central para compreender essas dinâmicas, promover mudanças estruturais e qualificar o atendimento oferecido pelo SUS.
Compuseram a mesa de abertura a secretária adjunta de Estado de Saúde, Crhistinne Maymone, a coordenadora auxiliar do NUPIIR (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica da Defensoria Pública), Thaís Sagin, a conselheira estadual de saúde, Adriane Quilombola, presidente da Comissão dos Bancos de Leite Humano do Estado, Vanessa Torres e, Representando o COSEMS (Conselho de Secretarias Municipais de Mato Grosso do Sul), Halex Mairton Barbosa Gomes e Silva.
A programação contou ainda com uma apresentação cultural dos estudantes do projeto África em Foco, da Escola Estadual Maria Eliza Bocayuva Corrêa da Costa, além de performance poética de Jhony Henrique da Silva, reforçando a importância da arte e da cultura como instrumentos de memória, resistência e valorização da identidade.



Kamilla Ratier, Comunicação SES
Fotos: Kamilla Ratier
