Colóquio destaca desafios e avanços na prevenção e no cuidado ao bebê prematuro em MS

  • Publicado em 18 nov 2025 • por Danubia Karinni Burema De Sousa •

  • No Dia Mundial da Prematuridade, especialistas reforçam a importância do cuidado integral e das estratégias para reduzir riscos e proteger quem nasce antes do tempo

    Antes mesmo de o primeiro choro anunciar uma nova vida, existe um caminho que começa muito antes do nascimento — um percurso que envolve cuidados, políticas públicas, acolhimento e conhecimento técnico. Em um cenário em que a prematuridade permanece como um dos maiores desafios da saúde materno-infantil no mundo, Mato Grosso do Sul reuniu especialistas, gestores e profissionais para reforçar a importância de uma rede preparada para proteger quem chega antes do tempo.

    A SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio da Coordenadoria da Saúde da Mulher, Criança e Maternidade, realizou nesta segunda-feira (17) o I Colóquio Sul-mato-grossense da Prematuridade, em parceria com a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e a Maternidade Cândido Mariano. O encontro ocorreu no auditório da ESDP (Escola Superior da Defensoria Pública), em Campo Grande, e reuniu profissionais de diversas áreas para debater estratégias de prevenção e assistência ao bebê prematuro.

    A abertura marcou o compromisso do Estado em fortalecer a atenção integral à gestante e ao recém-nascido. A primeira palestra foi conduzida pela médica pediatra e neonatologista, Bianca Stavis Conte, com o tema “Antes do primeiro choro: como o pré-natal pode reduzir a prematuridade”.

    A palestrante destacou que, apesar dos avanços da neonatologia, os índices de prematuridade permanecem estáveis no mundo, com cerca de 10% dos nascidos vivos. No Brasil, a taxa é semelhante, sem redução significativa na última década. Segundo Bianca, a qualidade do pré-natal é o principal fator capaz de reduzir prematuridade, mortalidade infantil e complicações graves, reforçando a necessidade de políticas públicas consistentes.

    Em seguida, o diretor médico da UTI Neonatal Neurológica da Santa Casa de São Paulo, Gabriel Variane, apresentou a palestra “Da UTI ao crescer próspero: quando cada segundo da assistência adequada impacta o futuro do prematuro”. Ele abordou a importância dos cuidados imediatos, intervenções oportunas e do transporte neonatal seguro, que influenciam diretamente a sobrevida e o desenvolvimento das crianças nascidas antes da idade gestacional adequada.

    A terceira fala foi da fonoaudióloga hospitalar, Emilene Luna, que apresentou “Leite, colo e conexão: o poder do Aleitamento Materno e do Método Canguru”. A profissional destacou que, embora a tecnologia salve vidas, “nada substitui o cuidado humano”. Explicou que o Método Canguru é um modelo de atenção perinatal centrado na família, que envolve contato pele a pele precoce, estímulo ao aleitamento e participação ativa dos pais na rotina hospitalar. “Quanto menor a idade gestacional, maior é a necessidade de afeto, estabilidade e proteção”, ressaltou.

    Durante o momento de diálogo, mediado pela gerente da Rede Alyne da SES, Renata Menezes Meireles, profissionais apontaram dificuldades enfrentadas na atenção primária que comprometem a efetividade do pré-natal.

    “Apesar da ampla cobertura da Atenção Primária, ainda enfrentamos desafios importantes na saúde materna. O problema não está apenas na quantidade de consultas, mas na qualidade da assistência. Precisamos garantir a captação precoce, realizar uma estratificação de risco eficaz, iniciar o pré-natal de alto risco no momento adequado e assegurar que as suplementações recomendadas sejam prescritas corretamente”, explicou Renata.

    O debate também reforçou a importância do planejamento reprodutivo como estratégia para evitar gestações não planejadas e reduzir riscos associados à prematuridade. A SES apresentou avanços no aumento da oferta de métodos contraceptivos de longa duração e no fortalecimento da residência em Medicina de Família e Comunidade nos territórios mais vulneráveis.

    Ao final, os palestrantes reafirmaram que prevenir a prematuridade e garantir cuidado seguro ao recém-nascido prematuro requer esforço conjunto entre profissionais, gestores e famílias. O colóquio marcou o Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, com o compromisso de fortalecer a rede de atenção perinatal e qualificar o atendimento desde o pré-natal até o acompanhamento ambulatorial.

    Kamilla Ratier, Comunicação SES
    Fotos: Kamilla Ratier

    Categorias :

    Saúde da Mulher

    Veja Também