Publicado em 03 dez 2025 • por Kamilla Nunes Ratier Camacho •
Etapa estadual da federalização aprofunda diretrizes sobre infraestrutura e padrões de dados
Antes mesmo que o paciente chegue à unidade de saúde, uma outra rede já precisa estar funcionando, sem falhas e com precisão: a rede dos dados. São sistemas que conversam entre si, informações e registros que precisam chegar completos, seguros e no tempo certo às mãos de quem cuida. Em um país com dimensões continentais e mais de 200 milhões de habitantes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), transformar dados em decisões é estratégico.
Foi nesse contexto de transformação da saúde pública pela informação que a SES/MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) participou da 3ª Oficina de Federalização da RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde), realizada nos dias 25 e 26 de novembro, no Rio de Janeiro, com foco no Domínio Informação e Informática.
A atividade integrou a etapa estadual do projeto de federalização e foi promovida pelo Ministério da Saúde, por meio da Seidigi (Secretaria de Informação e Saúde Digital), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, com apoio do Haoc (Hospital Alemão Oswaldo Cruz), do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde).


Representantes do Grupo de Trabalho da Federalização da RNDS no âmbito da SES/MS estiveram no encontro, que discutiu o domínio Informação e Informática, eixo estratégico do processo de nacionalização da plataforma. A programação abordou infraestrutura e arquitetura necessárias para a implementação da RNDS nos estados, além de temas como governança dos dados, privacidade e segurança das informações dos usuários do SUS.
Segundo o coordenador de Tecnologia da Informática e Informação da SES, Marcos Espíndola, que representa o Domínio Informação e Informática no projeto, a etapa é decisiva para a estruturação técnica do Estado. “O Domínio Informação e Informática concentra os principais componentes tecnológicos da federalização, como definição de arquitetura, modelos de interoperabilidade, mecanismos de integração e padrões de dados. Nesta oficina, avançamos na compreensão prática sobre a adoção do padrão FHIR, na organização de pipelines de dados e na definição de ambientes seguros de processamento e armazenamento, o que impacta diretamente a capacidade do Estado de consumir e ofertar dados à RNDS com qualidade, rastreabilidade e conformidade técnica”, afirmou.
Para a chefe de Gabinete da SES, Edelma Tibúrcio, que representa o Domínio Governança no processo de federalização, a participação do Estado na oficina é fundamental para garantir organização institucional e sustentabilidade do projeto. “A federalização da RNDS exige, acima de tudo, uma governança sólida, capaz de assegurar diretrizes claras, responsabilidades bem definidas e integração efetiva entre as áreas técnicas e administrativas. A participação de Mato Grosso do Sul nesta oficina reforça o compromisso do Estado com a organização dos fluxos, com a proteção das informações e com a construção de um modelo de gestão que garanta sustentabilidade, transparência e confiabilidade aos dados em saúde”, afirmou.
A oficina reuniu lideranças do setor público, técnicos do Ministério da Saúde e especialistas de instituições parceiras para aprofundar o entendimento técnico da federalização. Foram debatidos padrões de interoperabilidade, como o uso do modelo FHIR, e estratégias para garantir a integração segura entre sistemas de diferentes esferas de governo, com foco na qualificação da gestão e na continuidade do cuidado ao cidadão.
Além das discussões, foram realizadas atividades práticas sobre a jornada dos dados, visita ao CIS (Centro de Inteligência em Saúde) da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e o compartilhamento de experiências de estados-piloto como Santa Catarina, Piauí, Pernambuco, Goiás e Tocantins, que apresentaram soluções já em curso nas áreas de infraestrutura e arquitetura de dados.



A participação de Mato Grosso do Sul integra a etapa de construção do plano de trabalho estadual da federalização da RNDS, documento que irá orientar a organização da infraestrutura de tecnologia da informação, os fluxos de dados e a governança no estado. O processo define, na prática, como as informações assistenciais dos cidadãos sul-mato-grossenses passarão a circular de forma padronizada e segura no âmbito nacional.
Durante o segundo dia, a programação teve foco no valor do uso das informações da RNDS para a gestão estadual, demonstrando como os dados federalizados podem ampliar a capacidade de análise, fortalecer políticas públicas e apoiar a tomada de decisão baseada em evidências. Dinâmicas colaborativas permitiram que os estados desenhassem fluxos de informação em áreas estratégicas.



A RNDS é uma das principais ferramentas do programa SUS Digital e tem como finalidade integrar as informações de saúde de todo o país em uma única plataforma, garantindo interoperabilidade, segurança e acesso qualificado aos dados. Para Mato Grosso do Sul, o avanço no processo de federalização representa não apenas um salto tecnológico, mas também um passo decisivo para fortalecer a gestão, melhorar o cuidado e colocar o cidadão no centro da política pública de saúde.
Kamilla Ratier, Comunicação SES
Fotos: Kamilla Ratier