Publicado em 19 out 2017 • por Thereza Christina Amendola da Motta •
Campo Grande (MS) – No Outubro Rosa, o mês em que o mundo se mobiliza na prevenção do câncer de mama, a mulher ganha ainda mais destaque, já que ela também é responsável pela promoção da saúde no ambiente familiar. Além dos cuidados individuais, é ela quem, na maioria das vezes, desenvolve o papel fundamental de incentivar a rotina de exames e os cuidados com a saúde dentro de casa.
“Quando a mulher tem a consciência de se cuidar, a consciência do autoexame e outros cuidados, ela consegue disseminar isso no convívio da família”, afirmou a Conselheira Estadual de Saúde e coordenadora do Fórum dos Usuários do SUS de Mato Grosso do Sul, Marcia Gomes de Moraes (Marcia Zen).
Um levantamento feito pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo mostra que 70% das mulheres comparecem às consultas médicas dos homens.
Conforme Marcia, uma mulher bem informada e preparada para assumir o papel de disseminadora consegue fortalecer a promoção da saúde no convívio com os parentes mais próximos, evitando também que o parceiro não se torne uma estatística negativa.
Conselheira Estadual de Saúde, representando o segmento do trabalhador, a enfermeira Giane França Alavrez, acredita que a mulher seja a grande responsável pelo processo de prevenção de doenças dentro da família. “A mulher tem um papel fundamental na prevenção da saúde daqueles com quem convive. É por meio dela que até crianças realmente começam a entender a real concepção de prevenção, do autocuidado e de outras necessidades”, disse.
No entanto, o trabalho de conscientização dentro de casa não é fácil. Outro dado do Centro de Referência de São Paulo aponta que mais da metade dos homens já chega ao consultório com doenças em estágio bem avançados.
A resistência com os cuidados em saúde e prevenção de doenças é quase que uma consonância entre os homens. “Os homens sempre acham que nada vai acontecer com eles e por isso a resistência. O que dificulta também a iniciativa do homem é o acesso às unidades de saúde, pois esses serviços (de prevenção) funcionam somente em horário comercial. E essa é a desculpa que eles usam para não realizarem a prevenção. Outra detalhe é que o empregador muitas vezes não entende a necessidade desses cuidados e com isso também dificultam a ida do seu funcionário ao médico, o que resulta na superlotação de outros serviços como os CRS (Centro Regional de Saúde) e UPA’s (Unidade de Pronto Atendimento)”, afirmou Giane.
Além dos afazeres de casa, a aposentada Lucia Ramos, 63, também é responsável por marcar exames e consultas médicas para o marido e filho. “Se eu não fizer isso, eles nem pensam em ir. Meu filho tem 42 anos e é solteiro. Eu cuido mais da saúde dele do que ele mesmo. Meu marido só foi ao médico fazer o exame de próstata porque eu insisti muito. Mas hoje eles já sabem que é importante, tudo por causa da minha persistência”, disse ela.
Cuidar de sí
Apesar da mulher ser considerada uma figura imprescindível nessa causa de conscientização do parceiro, muitas ainda sentem dificuldade de cuidarem delas mesmas. “Ainda existe vergonha de tocar o próprio corpo e isso está diretamente ligado com a rotina de exames ou com a visita regular ao médico”, explicou a conselheira Marcia.
Entre as bissexuais e lésbicas a situação é ainda mais alarmante, explica a conselheira. “A vergonha de sua orientação sexual muitas vezes não deixa que ela se toque ou que vá ao médico. Existem lésbicas que amarram o peito com faixas porque não gostam do órgão, porque não queriam ter. Fazer o autoexame, então, é quase impossível”, afirmou.
Luciana Brazil- assessoria de imprensa da SES. Foto: Governo Federal.