No mês dedicado à amamentação, estudo aponta quando aleitamento materno deve ser suspenso

  • Publicado em 08 ago 2017 • por Thereza Christina Amendola da Motta •

  • Campo Grande (MS)- Contrariando o mito existente, até mesmo entre profissionais de saúde, de que mulheres com quadros de doenças bacterianas, parasitárias ou virais devem interromper a amamentação, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) afirmou no último dia 1°, por meio de um documento científico, que as lactantes podem prosseguir o aleitamento materno em diversos casos.

    Infecções

    Conforme o estudo, doenças infecciosas bacterianas não contraindicam o aleitamento materno. “Quadros de mastite e de abcesso mamário não são considerados de infecções invasivas e, por isso, não impedem a prática do aleitamento, que poderá ser mantido se o tratamento com antibióticos for instituído e material drenado do abcesso não tiver contato direto com a boca da criança”, afirma o documento da SBP. Infecções mais graves, como meningite, osteomielite e septicemia, exigem a interrupção temporária da amamentação por um curto período (de 24 a 96 horas) após o início do tratamento.

    Parasitas

    O estudo esclarece ainda que em casos de doenças diarreicas ou doenças parasitárias não há necessidade de suspender a amamentação, já que não há transmissão de parasita pelo leite humano.

    Existe uma exceção quanto à parasitas, que acontece na doença de Chagas, quando o parasita pode contaminar o leite humano. “Para o Departamento, há evidências, entretanto, de que a infecção aguda no lactente parece ter evolução benigna e a descrição de sequelas é rara. Logo, informam os especialistas, a contraindicação da amamentação deve ser aplicada apenas na fase aguda da doença”, descreve o documento.

    Tuberculose e Hanseníase

    Para pacientes com tuberculose, não há restrição quanto à amamentação se a mãe for tratada por duas ou mais semanas antes do nascimento do bebê e se a criança receber a vacina BCG logo após nascer. No entanto, se a mãe for portadora da forma mais grave da doença, a tuberculose multidroga, a criança deverá ser separada da mãe para evitar o contágio, mas o leite materno pode ser oferecido ao bebê.

    Até mesmo a hanseníase não implica no desmame, necessariamente. Se a doença estiver controlada e não estiver na fase contagiosa, não oferecerá risco para a amamentação.  Mas o documento da SBP salienta que a criança deverá ser submetida a exames clínicos periodicamente para detectar precocemente possíveis sinais da doença, uma vez que ela é transmitida por meio de secreções nasais ou da pele.

    Vírus

    Quando se fala em vírus, existem peculiaridades quanto à amamentação. No caso das mais comuns, como febre amarela, influenza e infecção por herpes, o leite materno pode ser oferecido. Já no caso das hepatites A, B e C as precauções variam.

    “Enquanto a infecção pela hepatite A não indica desmame, a hepatite B requer maiores cuidados, uma vez que é transmitida pelo sangue, esperma, líquido amniótico, fluidos vaginais, sangue do cordão umbilical e pelo leite materno. O maior risco de transmissão ainda é pelo parto, quando a criança entra em contato com o sangue e secreções maternas infectadas”, afirma o texto da Sociedade Brasileira de Pediatria. Parto cesáreo eletivo tem sido recomendado, contudo, não há nenhuma recomendação oficial para uma cesárea quando a única razão for a contaminação por hepatite.

    Vírus HIV

    Para o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV) as recomendações de amamentação são cautelosas, como em outros casos citados, já que o vírus pode ser transmitido de mãe para filho durante a gestação, no parto e por meio do leite materno.  “A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão que pode chegar a 29% nos casos de infecção aguda”, afirma o estudo.

    “As condutas em relação à amamentação de mães soropositivas para o HIV devem seguir as diretrizes de cada país. No Brasil, é contraindicada a amamentação para as mães soropositivas. Neste caso, os recém-nascidos devem ser alimentados exclusivamente com fórmulas infantis até o sexto mês”, segundo o texto.

    Apesar da contraindicação no Brasil, “desde 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno para todas as mulheres que vivem com HIV e fazem o uso de drogas antirretrovirais. Essa orientação se baseia em evidências científicas de que o uso destas drogas pode reduzir significativamente o risco de transmissão por meio do leite materno”.

    SBP- Durante todo mês de agosto, em comemoração ao Agosto Dourado, que a partir desse ano será um período destinado à conscientização da amamentação, a SBP irá promover ações coordenadas com objetivo de sensibilizar médicos e a população para os benefícios do aleitamento para mães e bebês. Devem ser divulgados ainda nesse mês mais três estudos científicos sobre o tema.

    Luciana Brazil- assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES). 

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