Publicado em 22 set 2025 • por Danubia Karinni Burema De Sousa •
Estado vive novo ciclo de estruturação com foco em acesso e qualidade do atendimento
No mês em que completa 35 anos, o SUS (Sistema Único de Saúde) reafirma seu papel como a maior política pública de inclusão social do Brasil. Em Mato Grosso do Sul, o marco é celebrado com uma nova fase de estruturação da rede estadual, que alia regionalização, modernização da gestão hospitalar e investimentos estratégicos para ampliar o acesso, qualificar o atendimento e garantir eficiência em todos os níveis de atenção.
Os resultados já são visíveis: em 2025, Mato Grosso do Sul ultrapassou a marca de 2 milhões de doses aplicadas, atingindo a cobertura vacinal máxima preconizada pelo Ministério da Saúde. O desempenho garantiu ao estado a nota 100 no Ranking de Competitividade dos Estados, posicionando MS como líder nacional em cobertura vacinal. Na rede de hospitais regionais, o número de atendimentos cresce a cada dia.
Para além dessas unidades, toda a estrutura hospitalar do estado tem sido amparada pela Pehosp — política inédita de financiamento que fortalece hospitais locais, de apoio e regionais, garantindo estabilidade, valorizando desempenho e ampliando a resolutividade da rede.
Simultaneamente, o NEGEPS (Núcleo Estadual de Gestão da Segurança do Paciente) demonstra que toda essa estruturação tem considerado não somente a alta performance, mas também a qualidade, a segurança e a humanização do cuidado.
Antes do SUS, entretanto, o cenário era de exclusão. Apenas quem tinha vínculo com o antigo Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) tinha direito à assistência, enquanto milhões de brasileiros eram considerados “indigentes” e dependiam da boa vontade de entidades filantrópicas, rememora o superintendente estadual do Ministério da Saúde no Mato Grosso do Sul, Ronaldo de Souza Costa.
“O SUS nasceu para corrigir injustiças históricas. Lembro de pessoas com bócio andando pelas ruas, de pacientes sem acesso a tratamento, invisíveis ao Estado. A criação do sistema foi um divisor de águas”, recorda o superintendente, que à época participou das mobilizações pela 8ª Conferência Nacional de Saúde, marco da redemocratização.
A fala foi realizada durante evento comemorativo pelos 35 anos do SUS, celebrado em 19 de setembro, na sede da Superintendência do Ministério da Saúde em Campo Grande. Na ocasião, gestores públicos — entre eles a secretária-adjunta da SES, Crhistinne Maymone — destacaram os avanços conquistados ao longo das últimas décadas e reforçaram as perspectivas de fortalecimento do sistema, com foco na universalização do acesso, regionalização da rede e qualificação contínua da assistência.
Números que mostram a força do sistema em MS
Em três décadas e meia, o SUS deixou de ser apenas uma promessa constitucional para se tornar a maior política pública de inclusão social do Brasil. Em MS, os resultados se expressam em dados concretos:
- Vacinação: em 2025, o estado ultrapassou a marca de 2 milhões de doses aplicadas, alcançando a cobertura máxima preconizada pelo Ministério da Saúde. É o reconhecimento da confiança da população e do trabalho incansável das equipes de imunização.
- Atendimentos hospitalares: o maior hospital público do estado, o Hospital Regional de Campo Grande, realiza cerca de 40 mil atendimentos por mês pelo SUS — entre consultas, internações, exames e procedimentos de alta complexidade.
- Negesp: Programas de segurança do paciente estão sendo implantados nos hospitais por todo o Estado e já apresentam resultados consistentes, com protocolos clínicos padronizados, melhorias na gestão de riscos e avanços reconhecidos nacionalmente, elevando a qualidade do atendimento.
- Universalidade: de Norte a Sul, o SUS garante acesso a cirurgias, transplantes, partos, medicamentos, atenção básica e vigilância em saúde, impactando diretamente a qualidade de vida dos mais de 2,9 milhões de sul-mato-grossenses.
Trajetórias que se entrelaçam com a história do Sistema Único de Saúde

A secretária-adjunta da SES, Crhistinne Maymone, tem sua vida profissional intrinsecamente ligada ao sistema. Formada em abril de 1988, ingressou na Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande justamente no período em que a Constituinte assegurava o direito universal à saúde. “Minha carreira nasceu junto com o SUS. Carrego comigo essa missão como algo que vai além da gestão: é militância, é acreditar que a saúde pública pode e deve transformar vidas”, afirma.
Para Crhistinne, o SUS só existe porque milhares de profissionais e gestores seguem comprometidos diariamente em construir e reconstruir processos, mesmo diante das dificuldades. “É preciso resiliência. Muitas vezes temos que recomeçar, rever estratégias, mas sempre com foco no paciente. Essa paixão pelo SUS é o que dá sentido ao nosso trabalho e garante que ele siga vivo e chegando a quem mais precisa”, reforça.
MS vive um novo momento: nova arquitetura da saúde, estruturação e respaldo
Nos últimos anos, o governo de Mato Grosso do Sul tem avançado em uma reformulação profunda da organização do SUS no estado, chamada de Nova Arquitetura da Saúde. Essa nova fase busca responder aos desafios históricos — sobrecarga de hospitais de referência, filas, deslocamentos — e implantá-la de modo que cada município atue de acordo com sua capacidade, densidade populacional, demanda e localização. São alguns dos principais pontos dessa nova arquitetura:
- Hierarquização e regionalização: os serviços públicos de saúde são organizados de forma que municípios pequenos foquem nas ações da atenção primária, enquanto os médios reforçam a atenção secundária, e os grandes concentram a alta complexidade. Isso evita que hospitais de alta complexidade fiquem sobrecarregados com casos que poderiam ser resolvidos em unidades menores.
- Investimentos estruturais: desde 2023, foram destinados mais de R$ 2,2 bilhões em obras, equipamentos, veículos, capacitação e incentivos aos municípios para fortalecer a rede e melhorar sua resolutividade.
- Hospital Regional de Três Lagoas já em operação; Hospital Regional de Dourados com início previsto para 2025; PPP para o HRMS ampliando leitos de 362 para 577 leitos.
- Regulação: para que o fluxo de pacientes seja adequado aos níveis de complexidade, o HRMS passou a atender, no pronto atendimento, apenas pacientes encaminhados via regulação, com casos simples sendo resolvidos em UBS ou UPAs.
- Saúde digital: com sede nova da Superintendência de Saúde Digital, MS fortalece telessaúde, telediagnóstico e interconsulta digital, conectando os 79 municípios. Mais de 188 mil atendimentos especializados já foram realizados via telessaúde; mais de 169 mil exames e laudos por telediagnóstico; e mais de 23,8 mil teleinterconsultas entre municípios.

“O SUS é, sem dúvida, a maior conquista social da nossa história. E em Mato Grosso do Sul, estamos vivendo um novo capítulo dessa trajetória: um momento de transformação profunda, com investimentos robustos, planejamento técnico e compromisso com a população. Os 35 anos do sistema nos convidam a olhar para trás com orgulho, mas, acima de tudo, a construir o futuro com responsabilidade. Com a nova arquitetura da saúde, estamos reorganizando a rede, fortalecendo os hospitais regionais, ampliando o acesso e garantindo que cada cidadão seja atendido com qualidade, no lugar certo, na hora certa e com o cuidado que merece. Essa é a nossa missão: fazer do SUS um sistema cada vez mais eficiente, humano e próximo de quem mais precisa”, finaliza o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa.
Danúbia Burema, Comunicação SES
Fotos: Patrícia Belarmino/HRMS e Arquivo SES