Aconteceu nesta quinta-feira (11) o segundo dia de ciclos de palestras e mesas de debates do ‘1º Workshop – Construir Inteligência Gestora pelas Análises de Dados’ no auditório do Bioparque Pantanal, em Campo Grande. O evento discutiu a construção de inteligência gerencial por meio de análises de dados para o enfrentamento dos desafios da saúde e a construção de sistemas de saúde seguros e modernos, além da troca de experiências entre as secretarias de governo do Estado Mato Grosso do Sul e as secretarias de saúde de outros estados que também participaram da programação.
Participaram da terceira mesa de debates ‘Experiências Exitosas no Governo de MS’ o secretário-executivo de Gestão Estratégica e Municipalismo, Thaner Castro Nogueira, representando a SEGOV (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica), a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia, e o controlador-geral do Estado, Carlos Eduardo Girão de Arruda. Durante as apresentações puderam expor as ações que estão sendo desenvolvidas e executadas, a exemplo, o Projeto Quati da PGE (Procuradoria-Geral do Estado), projeto de automação de peças processuais na saúde.
Para a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia, o evento foi propício para discorrer sobre indicadores e metas e da atuação da procuradoria dentro da secretaria de saúde. “Trouxemos o ambiente que temos, que é a Coordenadoria de Inteligência e Gestão Estratégica, o nosso laboratório jurídico, a automação de peças no âmbito da secretaria de saúde, das peças judiciais e entendemos que essa cultura de olhar para os indicadores, olhar para as estatísticas, para as tomadas de decisão que devem ser aprimoradas e aqui é um momento de fundir esse entendimento e essa cultura”.
O controlador-geral do Estado, Carlos Eduardo Girão de Arruda, destacou a importância da construção de dados para que os gestores possam tomar medidas ou decisões mais assertivas. “Hoje, como falado, trabalhamos muito na gestão de problemas e não nas gestões de risco. É ideal que tenhamos a partir desses dados construídos, processos mapeados, riscos identificados e ações em cima desses riscos para que a gente consiga ser efetivo na entrega de políticas públicas. É extremamente importante eventos como esse que promovem a importância da construção de informação a partir de dados esparsos”, elogia.
Com a transformação digital dos sistemas de saúde será uma oportunidade para aprimorar políticas, práticas de saúde e ações. São bancos digitais que vão permitir fazer a integração de sistemas, melhorando a qualidade dos dados. O secretário-executivo de Gestão Estratégica e Municipalismo, Thaner Castro Nogueira, percebe que o setor público começa a entender que precisa trabalhar em cima de números que permitam decisões que afetam diretamente a população.
“A inteligência de dados vem para tentar automatizar o processo. Na regra geral, quanto menos intervenção humana, menor as chances de erro na hora de gerar uma informação. Quando se trabalha todo esse processo, o conjunto de iniciativas, envolve muita gente, envolve muito investimento e é fundamental trazermos esse tipo de debate exatamente para sensibilizar, sensibilizar os servidores que estão no processo, os gestores, então tem toda uma construção que precisa ser feita e que só eventos como esse nos leva a um entendimento do quanto o tema é importante. É um evento de sucesso”, afirma Nogueira.
Conforme o pesquisador-visitante no Departamento de Saúde Global e Populações da Harvard T.H. Chan School of Public Health e membro do FGV Saúde, Dr. Adriano Massuda, sistemas de saúde produzem um conjunto de informações e de dados que precisam ser analisados para gerar informações que subsidiem as decisões dos gestores e que hoje estamos vivendo uma revolução tecnológica na área digital que vai permitir que essas informações sejam utilizadas para melhorar a gestão do sistema, mas sobretudo, para melhorar a qualidade da assistência ofertada à população.
“Melhorando o funcionamento do sistema de saúde, podemos ter uma população mais saudável, uma população mais saudável é uma população mais produtiva, isso é importante para a economia, ao mesmo tempo que um sistema de saúde que funciona bem, identifica, intervém sobre riscos sanitários, epidemiológicos, ambientais que são importantes para a proteção da população e para a proteção da vida de maneira geral”.
“Quero parabenizar o governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a secretaria estadual de saúde por essa iniciativa. Pensando pelo ponto de vista do papel que o Brasil tem no mundo, fazer um evento como esse aqui no Mato Grosso do Sul, onde temos um dos biomas mais importantes que é o Pantanal, associar o desenvolvimento da saúde com o desenvolvimento do meio ambiente, com o desenvolvimento econômico é algo extremamente importante”, acrescenta Adriano.
O consultor da Opas/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde), Juan Cortez, destacou o trabalho que a Opas vem realizando junto ao Ministério da Saúde. Na quarta-feira (10), participaram do Workshop o diretor do departamento de Inteligência e Evidências para Ação em Saúde da Opas/OMS, Sebastian Garcia Saiso, que enfatizou o tema da transversalidade, de como o mundo está avançando no uso da tecnologia para a saúde e, igualmente, o assessor técnico sênior da Opas/OMS, Marcelo D´Agostino, e a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad.
“A Opas está acompanhando de perto o trabalho desenvolvido nos estados e está trabalhando muito nesse tema de saúde digital. A saúde digital dá suporte a todas as áreas seja vigilância, atenção básica, saúde indígena, a todos os temas que precisam de atenção. Estamos trabalhando juntos para que a implementação da saúde digital seja o mais rápido possível, para que todos os estados e municípios do país sejam beneficiados”, expôs Juan.
Durante a mesa de debates ‘Desafios para se construir inteligência no SUS’ os representantes das secretarias de Estado de Saúde do Rio Grande do Norte, Douglas Ferreira e Chander de Oliveira, do Mato Grosso, Oberdan Lira, do Ceará, Luiz Otávio Rocha, e do Rio de Janeiro, Luciane Velasque, apresentaram experiências exitosas acerca da implementação do Centros de Inteligência Estratégicas Estaduais em suas regiões.
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) tem desempenhado um papel fundamental na implementação dos Cieges (Centro de Inteligência Estratégica para a Gestão Estadual do SUS) nos estados. Para o assessor técnico e coordenador da Rede Cieges pelo Conass, Sandro Terabe, a parceria com a SES/MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) no ‘1º Workshop – Construir Inteligência Gestora pelas Análises de Dados’ foi certeira e servirá de exemplo aos outros estados.
“Conseguimos desde o mais alto escalão que é o governador do estado, Eduardo Riedel, incentivando esse processo quanto uma discussão técnica que trouxe experiências de outros estados para mostrar o que estão fazendo, os desafios que estão enfrentando para justamente criar essa rede, fortalecer essa rede de apoio de uma gestão estadual do SUS para qualificar o apoio de tomada de decisão. Desde o nível político quanto ao nível técnico, esse evento cumpriu o que foi programado. Conseguimos trazer pessoas referência na saúde pública e começamos a discussão para a mudança dessa cultura, da importância do uso do dado para a tomada de decisão no SUS. Superou minhas expectativas, foi muito bom e tem tudo para ajudar nessa discussão”, finaliza Terabe.
Kamilla Ratier, SES
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