Publicado em 30 jun 2025 • por Helton Davis Luzardo Souza •
Nos dias 26 e 27 de junho, a SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio da Gerência da Saúde do Homem, promove a capacitação sobre o cuidado à saúde do homem com foco no contexto de violência e a proteção de meninas e mulheres no âmbito da APS (Atenção Primária à Saúde).
A capacitação integra o projeto Equalisah, iniciativa do Ministério da Saúde, por intermédio da COSAH-MS (Coordenação de Atenção à Saúde do Homem do Ministério da Saúde) em parceria com o NESP/UnB (Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília), voltada à qualificação profissional para repensar masculinidades e enfrentar a violência de gênero.
O projeto Equalisah atua diretamente na prevenção da violência contra meninas e mulheres. Desenvolvido pela COSAH-MS, ele adota uma abordagem transversal e integrada para enfrentar problema social que atinge as mulheres.
De acordo com a Gerente de Saúde do Homem da SES, Márcia Malacrida, oficina é direcionada aos profissionais de saúde das equipes de Saúde da Família — como médicos, dentistas e enfermeiros — além dos profissionais da Equipe Multiprofissional (EMulti). “O objetivo principal da capacitação é fortalecer as ações na saúde do homem com foco na identificação e prevenção de situações de violência. A ideia é que os profissionais estejam preparados para reconhecer os sinais, prestar acolhimento adequado e direcionar corretamente os atendimentos”, explica Malacrida.
A formação é voltada a profissionais de nível superior da APS (Atenção Primária à Saúde) e da equipe EMulti, com 100 vagas disponíveis. Os participantes receberão certificado emitido pelo Ministério da Saúde e pelo NESP-DF.
O professor Cláudio Lorenzo, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, cuja atuação está diretamente ligada à interface entre ciências sociais e saúde, avalia que a proposta deste curso é inovadora porque coloca o cuidado com o homem no centro da estratégia de proteção de meninas e mulheres.
“O diferencial desta capacitação é justamente propor que o homem envolvido em contextos de violência também seja acolhido como sujeito de cuidado. A ideia é compreender como as masculinidades são construídas social e culturalmente, e como isso pode levar ao uso da violência como forma de imposição. A capacitação oferece ferramentas aos profissionais da atenção primária para acolher e encaminhar homens em sofrimento mental — seja por uso abusivo de substâncias, transtornos mentais ou padrões culturais nocivos —, reconhecendo-os como sujeitos de cuidado. Ao incluir o homem nesse processo, fortalece-se a prevenção e amplia-se a proteção de meninas e mulheres”, destaca.
A proposta pedagógica é centrada em metodologias ativas construtivistas, valorizando as experiências dos profissionais em suas unidades de saúde e incentivando o desenvolvimento de planos de ação locais, alinhados às diretrizes da PNAISH (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem).
Para o enfermeiro Claudemir Santos, que atua na Atenção Primária à Saúde do município de Bonito, o curso amplia o entendimento sobre o respeito às mulheres e sobre a gravidade da violência de gênero.
“Muitas vezes, em municípios menores, como o nosso em Bonito, essas capacitações demoram a chegar e por isso precisamos estar atentos e preparados para orientar os homens para promover uma conscientização. Com o apoio das equipes multiprofissionais e dos agentes comunitários de saúde, conseguimos identificar casos de violência doméstica, seja contra mulheres, adolescentes ou até mesmo em ambientes escolares, atuando de forma preventiva. Esse conhecimento que estamos adquirindo será multiplicado no território, fortalecendo o cuidado e a proteção em nossos serviços de saúde”, ressalta o enfermeiro.
A capacitação tem por objetivo fortalecer a atuação da APS na prevenção da violência e na proteção de meninas e mulheres por meio da qualificação de profissionais que atuam no cuidado à saúde do homem.
Temas abordados no curso:
- Construção social das masculinidades e a violência como problema de saúde pública;
- Atenção à saúde do homem em contextos de violência, com ênfase em sofrimento mental, uso abusivo de álcool e outras drogas;
- Protagonismo da APS na proteção de meninas e mulheres.
A estratégia do Equalisah incorpora conteúdos que promovem escuta qualificada, apoio psicossocial e integração com a rede de cuidados, aprofundando a discussão sobre os vínculos entre masculinidades e violência.
Helton Davis, Comunicação SES
Fotos: Helton Davis