Publicado em 16 set 2025 • por Danubia Karinni Burema De Sousa •
De janeiro a setembro, Mato Grosso do Sul realizou 218 transplantes de córnea, 39 de fígado, 16 de rim e 4 de ossos
Ninguém está preparado para a perda de um ente querido. Mas é justamente nesse momento que uma conversa anterior pode fazer toda a diferença. Falar sobre a doação de órgãos e tecidos com a família, em vida, é essencial para garantir que a vontade do doador seja respeitada.
Em Mato Grosso do Sul, a negativa familiar para doação ultrapassa 60%. Isso significa que, em mais da metade das entrevistas realizadas com familiares de potenciais doadores, a autorização não é concedida — mesmo quando há possibilidade clínica de salvar vidas.
Apesar desse cenário, os dados da Central Estadual de Transplantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram avanços importantes. De janeiro a setembro de 2025, foram realizados 218 transplantes de córnea, 39 de fígado, 16 de rim e 4 de ossos, beneficiando diretamente pacientes que aguardavam por uma nova chance.
“A entrevista familiar é uma etapa decisiva no processo de doação. Por isso, é fundamental que a equipe esteja preparada para acolher com sensibilidade e clareza, respeitando o momento de luto. Quando a pessoa manifesta em vida o desejo de ser doadora, essa informação facilita a tomada de decisão e aumenta as chances de autorização. O respeito à vontade do potencial doador é um princípio ético que orienta todo o trabalho da Central Estadual de Transplantes”, reforça a coordenadora da CET, Claire Carmen Miozzo.
Mobilização e reconhecimento
Como parte das ações do Setembro Verde, duas iniciativas públicas reforçam a importância da doação de órgãos e tecidos em MS. No dia 21 de setembro, das 8h às 10h30, será realizada a 2ª Caminhada “Passos pela Vida”, no Espaço de Múltiplo Uso Arquiteta Zuleide Simabuco Higa, situado no Parque dos Poderes, com ponto de referência no Corpo de Bombeiros.
O evento é promovido por instituições parceiras como a Assembleia Legislativa, Fratello Transplantes, Hospital Adventista e CET/MS, com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância de dizer “sim” à doação.
Já no dia 22 de setembro, às 19h, o Plenário Deputado Júlio Maia, no Palácio Guaicurus, sediará a sessão solene de entrega do Diploma de Honra ao Mérito Legislativo “Amigo do Transplante”, instituído pela Resolução nº 32/2019.
A homenagem é proposta em parceria com a Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul e a Fratello Transplantes, e reconhece pessoas e instituições que contribuem para o fortalecimento da cultura da doação no Estado.
A SES reforça que a autorização para a doação de órgãos e tecidos só pode ser concedida por familiares até segundo grau, cônjuge ou companheiro, mediante duas testemunhas. Por isso, é fundamental que o cidadão manifeste em vida o desejo de ser doador e que essa decisão seja comunicada à família. O acolhimento adequado no momento da entrevista familiar também é essencial para garantir que o desejo do potencial doador seja respeitado e que vidas possam ser salvas.
MS em 4º lugar no ranking nacional
Neste setembro verde, o Estado também celebra um avanço expressivo: menos de um ano após iniciar os transplantes de fígado, Mato Grosso do Sul já ocupa a 4ª colocação no ranking nacional por milhão de habitantes. Os dados são do RBT (Registro Brasileiro de Transplantes), que aponta o Estado com taxa de 17,9 transplantes por milhão de população por estado no primeiro trimestre de 2025, atrás apenas do Distrito Federal (48,3), Paraná (21,0) e Ceará (18,6).
“Esse resultado reforça o compromisso do Estado com a ampliação do acesso a procedimentos de alta complexidade. A habilitação da equipe e da unidade hospitalar permitiu que, em menos de um ano, alcançássemos uma posição de destaque nacional”, destacou o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa.
Danúbia Burema, Comunicação SES
Fotos: Arquivo Hospital Adventista do Pênfigo