Publicado em 22 set 2025 • por Kamilla Nunes Ratier Camacho •
Caminhada destacou a importância da solidariedade e do gesto que transforma perdas em esperança
Na manhã deste domingo (21), o Parque dos Poderes, em Campo Grande, foi ponto de encontro para uma importante causa: a doação de órgãos e tecidos. A 2ª Caminhada Passos que Salvam – Juntos pela Doação de Órgãos e Tecidos reuniu transplantados, familiares de doadores, profissionais da saúde e apoiadores em uma mobilização para ampliar a conscientização sobre o tema e reforçar a importância de declarar a intenção de ser doador.
A caminhada integra a programação do Setembro Verde, mês dedicado à mobilização nacional em prol da doação de órgãos. Organizado pelo Governo do Estado, por meio da SES (Secretaria de Estado de Saúde) e da SETESC (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Fratello (Associação de Apoio ao Transplante de Órgãos e Tecidos de Mato Grosso do Sul) e Hospital Adventista do Pênfigo, o evento reuniu centenas de pessoas em um único propósito: aumentar a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.



Entre os participantes, histórias de superação e gratidão chamaram a atenção e deram ainda mais força à campanha.
Aos 61 anos, Agenor Martins Nantes Filho é um exemplo de como a doação de órgãos pode transformar vidas. Em 2023, ele passou por um transplante duplo — fígado e rim — em uma única cirurgia. A espera foi longa e cheia de incertezas, mas o desfecho, segundo ele, foi um verdadeiro milagre.
“Foi uma espera muito gratificante. Você acompanha a fila, sobe, desce. Eu ainda fui quatro vezes até Sorocaba e, na quarta, consegui. A emoção foi imensa. Todos os dias eu agradeço ao meu doador, uma pessoa que não conheci, mas que me deu uma nova chance. É uma gratidão que não tem fim, disse emocionado.


Além de paciente, Agenor se tornou um apoiador ativo da causa, participando de ações e articulando apoio.
Outro relato emocionante veio de Sebastião da Conceição, 50 anos, que participou da caminhada no ano passado ainda como paciente na fila por um transplante de fígado.
“Estava muito debilitado, nem consegui terminar a caminhada. Pouco tempo depois, fui internado em estado grave no CTI. Quando saí, comuniquei à equipe médica que estava pronto para o transplante. No dia seguinte, apareceu um doador 100% compatível. A cirurgia foi no dia 7 de março de 2025, no Hospital do Pênfigo. Hoje volto aqui com uma nova vida”.


Para Sebastião, o processo de enfrentamento da doença e recuperação envolve três pilares: o apoio da família, a dedicação da equipe médica e a fé pessoal.
“Sozinho ninguém consegue. Precisa da família, de uma equipe competente e, acima de tudo, da nossa fé. Precisamos lembrar que uma vida que se vai pode salvar várias. Um gesto de amor que transforma o luto em esperança”.
Doadores e apoiadores reforçam a importância da causa
Além dos transplantados, muitas pessoas foram ao evento para reforçar seu apoio à causa e estimular que mais famílias conversem sobre o tema.
A enfermeira Zenilda Miranda Barbosa, 55 anos, é doadora e leva o assunto com naturalidade em casa. “A doação transforma o fim em recomeço. Em vez de encerrar uma vida, você pode permitir que outra continue. Lá em casa, todos apoiam, minha filha está aqui comigo e também é doadora. É uma causa que a gente acredita”, afirmou.
Já Sérgio Candia, 77 anos, participou da caminhada pela primeira vez e fez questão de mostrar que, mesmo quem já não pode mais doar, pode ajudar a conscientizar.
“Participo porque acredito na causa. Sempre falo sobre isso com amigos e nas redes sociais. A caminhada foi maravilhosa. Espero que incentive mais gente a tomar essa decisão”, opinou.






Estrutura de apoio no Estado
O processo de doação de órgãos, desde a captação ao transplante, é gerenciado pela CET/MS (Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul) e acompanhado pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. Além disso, a CET/MS desempenha um papel fundamental na conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos com campanhas educativas, ações em parceria com hospitais e a mobilização de profissionais de saúde.
A coordenadora da CET/MS, Claire Miozzo, destacou o papel da mobilização na mudança de cultura em torno da doação.
“Hoje é um dia muito emocionante. Ver tantas pessoas reunidas mostra que a sociedade entende a importância do tema. Precisamos sempre lembrar: é a família quem autoriza a doação. Por isso, é fundamental conversar em casa e deixar claro esse desejo. É um gesto de solidariedade que salva vidas”.
Segundo ela, eventos como esse ajudam a ampliar a visibilidade do tema e impactam diretamente nos números de doação.
“Quando a informação circula, as doações aumentam. Essa caminhada faz parte de um esforço maior, que inclui campanhas do Ministério da Saúde e do Governo do Estado para ampliar os transplantes em Mato Grosso do Sul”.
A Rede Hemosul também participou da ação, orientando a população sobre o cadastro para doação de medula óssea. A coordenadora da rede, Marina Sawada Torres, lembrou que o cadastro é simples e pode fazer toda a diferença para quem precisa.
“É importante que as pessoas saibam que a doação de medula é feita em vida, e o primeiro passo é o cadastro. Coletamos uma pequena amostra de sangue para testes iniciais e, se houver compatibilidade, o doador é chamado. Podemos salvar vidas com um gesto simples”, explicou.
Marina reforçou que eventos como a caminhada são fundamentais para ampliar o alcance da informação. “Muita gente ainda não sabe como funciona a doação. Por isso estamos aqui: para orientar e conscientizar”.
A 2ª Caminhada Passos que Salvam contou com o apoio de diversas instituições e a presença de autoridades que reforçaram o apoio institucional à causa, entre elas o deputado estadual, Renato Câmara, o deputado federal, Beto Pereira, o presidente da Fratello, João Paulo Corrêa, e o médico transplantador Gustavo Rapassi.


A caminhada reforçou uma mensagem essencial: a doação de órgãos só acontece com a autorização familiar. É fundamental conversar com parentes e manifestar esse desejo em vida. Um gesto de solidariedade pode transformar vidas e manter a esperança acesa em milhares de famílias que aguardam por um transplante no Brasil. Por isso, o recado é simples: converse com seus familiares e declare sua vontade de ser doador.
Kamilla Ratier, Comunicação da SES
Fotos: Kamilla Ratier e Divulgação CET/MS